16 de outubro de 2010

Things change, when you're not looking.

É uma manhã de sábado aparentemente igual às outras.
O dia amanheceu fresco. O jardim está cheio de gente, e à porta da igreja reúne-se o tradicional grupo para as fotografias. Na esplanada deste café lisboeta, os rostos dos sábados; o casal jovem que toma um café sobre a capa da Única, os avós que atentamente observam a neta e bebem o galão, famílias que aproveitam o sábado por inteiro. Os rostos sucedem-se, ocupam as mesas vazias, bebem o ar da manhã. São poucos os que, como eu, se sentam sozinhos e observam; é tão bom parar e ver passar.
Talvez por isso eu me sinta privilegiada ali; aparentemente a única que vê as pequenas nuances que existem em cada manhã e que já não se repetem na manhã seguinte. O nevoeiro que hoje demorou mais a dissipar-se. As folhas que já não são verdes. A brisa que as arranca dos ramos e que as espalha pelas cadeiras vazias, que cai em cima de uma mesa para logo ser enxotada para o chão sem um segundo olhar. Estamos ali todos, e ninguém parece aperceber-se que esta manhã de sábado é diferente da última; que o cenário de sempre se alterou.
E são estas pequenas nuances, estas alterações ténues, estes princípios de mudança, que me alimentam a alma. Fazem-me acreditar no futuro e no melhor que ainda está para vir. Relembram-me que, tal como o cenário dos sábados de manhã, também eu mudo todos os dias. Ainda que subtilmente.

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