27 de outubro de 2010

Closure

Há males que vêm por (muito) bem. Principalmente quando, à primeira, temos inclusivamente a tendência para achar que não valeu de nada a experiência e o sofrimento. Errado. E é tão bom quando chegamos a este ponto onde eu estou agora; closure.
Dá vontade de sair à rua, abrir os braços para cima e abraçar o fresco da manhã. Apetece gritar "Next!", que esta etapa já está feita, e agora as possibilidades são um conjunto de tantas coisas, um mundo inteiro de exemplos. Deve ser mais ou menos assim que se sente um bebé quando começa a descobrir os cheiros, as cores e as pessoas. É isto que eu sinto; é tudo novo, e fresco e excitante. Sinto-me bem, sinto o sangue nas veias, o excitamento da descoberta. Sinto-me viva.

25 de outubro de 2010

baby, talk is cheap

Vamos ficar juntos para sempre junta-se ao típico adoro-te e ao fazes-me tão feliz, que, adicionados ao sinto-me tão bem contigo e ao não é a minha casa, é a nossa casa fazem com que a defesa feminina, que levou meses, senão anos a erguer-se, caia por terra ao fim de três meses.
Puff, já eras! surge a piscar em letras grandes e luminosas no teu cérebro e sabes que estás perdida(mente apaixonada)...
E nesses primeiros dias flutuas de tal forma que os 8 centímetros que tens debaixo dos pés mal tocam a calçada. Ficas meio tonta, com o sorriso assim sempre de viés no rosto, a condizer com a pele impecável (pois, pois...) e os olhos brilhantes.
Aquelas máximas que andaste não-sabes-quanto-tempo a enfiar na cabeça para não te magoares, frases como Expectativas? Baixaaas... desaparecem para uma caixa perdida nos confins do cérebro.

Mas baby... talk is cheap, e já tens mais que idade para perceber isso.

À primeira, o becs becs becs que tanto te enlevou... desaparece. Se não por inteiro, perto disso. Porquê? Porque fazia parte da caçada, e essa já terminou; fácil ou não, eras a presa, e já estás apanhada.
E de repente, tu, que eras divina e maravilhosa, que tinhas uma inteligência aguçada que te fazia senhora e rainha da sensualidade, passas a ver-te tão cheia de defeitos, que ou ele é o maior génio à face da terra e descobriu em semanas o que ninguém viu em anos... ou algo está realmente errado. E é com ele. Só que tu estás apaixonada certo?
E assim isso vai passando entre as gotas da chuva.
E à primeira dificuldade, ao primeiro grande senão... ele salta fora. Oi? Sim, fora. Quando dás por ti, já ele está a milhas.
Não estou a perceber... Não queria ir viver contigo?
Queria...
Então? E não estava sempre a falar no futuro?
Estava...
Mas já não está.

É mais fácil dares de frente com homens cheios de fobias de relacionamento, do que com estes. São mais raros, disfarçam bem, iludem. São absolutamente mais perigosos. E é assim que as tuas cicatrizes aumentam. E que a tua experiência cresce. É assim que te tornas mais forte. Tiras da vida mais uma grande lição; quem muito fala, pouco acerta.

22 de outubro de 2010

Este é para vocês

Que me dão força e me inspiram com a magnitude das vossas palavras. Que estão aqui, mesmo quando estão ali.
Que acreditam que não existe força maior que aquela que vemos reflectida em nós ao espelho, e que me dizem que vai ficar tudo bem.
Pela metáfora do fósforo no quarto escuro. É assim que eu me sinto, à espera para ver o que a luz me quiser mostrar, na penumbra da vida desconhecida que ainda me aguarda.

Obrigada às minhas amigas. Sem elas (aí sim) eu seria muito pouco.

(A L. enviou-me um email maravilhoso às 12.10pm. A F. enviou-me um email maravilhoso às 12.11pm. Isto é mágico. A mim diz-me que estamos unidas por uma força que poucos compreendem.E a M. Mesmo que isso signifique 3 chamadas telefónicas, quando não é possível um café.)

21 de outubro de 2010

Alguém me disse uma vez que quando se perde tudo, a primeira coisa que se perde é o medo. Que seja então!

20 de outubro de 2010

a friend once said

Continua a ir atrás dessa paz de espírito porque sem ela encolhemos perante o mundo.

Achei que merecia vir para este muro que é o meu blog.

ano velho, resolução nova

Ainda é 2010. Confesso que estou ansiosa pelo novo ano, o que é uma coisa nova em mim.
Mas como hoje sinto o dia como o início de algo novo (já dizia o Sérgio Godinho hoje é o primeiro dia do resto da tua vida), tomei uma decisão. Assim qualquer coisa como uma resolução de ano velho.
Este ano já correu mal tudo o que tinha para correr, vos garanto. Por isso, assumo que com o princípio de uma nova coisa boa, que é o resto deste ano velho, passo a tratá-lo como um novo ano.
O que nem está errado de todo; no calendário celta, o ano termina a 31 de Outubro. Por isso na teoria estou só a antecipar uns dias. Na teoria estou a preparar-me para o novo ano (mesmo que seja no calendário celta e não no calendário cristão - que até tem como base o ano celta, por isso nem estou muito longe da verdade).
A minha resolução passa então, pela procura de uma nova parte de mim. Uma nova J. dentro de todas as J. que me compõem (sim, eu acredito que temos várias de nós, dentro de nós). Assim, é minha resolução uma nova máxima na minha vida: "Deus está nas palavras."
Atravessei a minha ponte. Estou do outro lado! E a partir de agora, vou pensar positivo, vou fazer positivo. Porque as coisas boas que saem de nós retornam como ainda melhores.

19 de outubro de 2010

walk over the bridge

Estou em frente a essa ponte. Só ainda não tive coragem para dar o primeiro passo.
Para a atravessar.

16 de outubro de 2010

Things change, when you're not looking.

É uma manhã de sábado aparentemente igual às outras.
O dia amanheceu fresco. O jardim está cheio de gente, e à porta da igreja reúne-se o tradicional grupo para as fotografias. Na esplanada deste café lisboeta, os rostos dos sábados; o casal jovem que toma um café sobre a capa da Única, os avós que atentamente observam a neta e bebem o galão, famílias que aproveitam o sábado por inteiro. Os rostos sucedem-se, ocupam as mesas vazias, bebem o ar da manhã. São poucos os que, como eu, se sentam sozinhos e observam; é tão bom parar e ver passar.
Talvez por isso eu me sinta privilegiada ali; aparentemente a única que vê as pequenas nuances que existem em cada manhã e que já não se repetem na manhã seguinte. O nevoeiro que hoje demorou mais a dissipar-se. As folhas que já não são verdes. A brisa que as arranca dos ramos e que as espalha pelas cadeiras vazias, que cai em cima de uma mesa para logo ser enxotada para o chão sem um segundo olhar. Estamos ali todos, e ninguém parece aperceber-se que esta manhã de sábado é diferente da última; que o cenário de sempre se alterou.
E são estas pequenas nuances, estas alterações ténues, estes princípios de mudança, que me alimentam a alma. Fazem-me acreditar no futuro e no melhor que ainda está para vir. Relembram-me que, tal como o cenário dos sábados de manhã, também eu mudo todos os dias. Ainda que subtilmente.

15 de outubro de 2010

mas só mais uma vez

Só mais uma volta
Só mais uma volta a mim
Só mais uma volta desta ninguém vai cair
Só mais uma vez que vês que ninguém está aqui
Queres só mais uma volta e desta ninguém vai cair

Tempo frio afasta o tempo que nos afastou
Primavera lança o laço que nos amarrou
Tempo quente dá vontade de não resistir
Queres só mais uma volta e desta ninguém vai cair

Ainda te sinto a seguir
o rasto que deixo a correr
ainda penso em ti...
pensa em mim,
mas só mais uma vez.

Diz-me ao que queres jogar que eu vou querer também
Diz-me quanto queres de mim para te sentires bem
Não te vejo bem ao longe não sei distinguir
Queres só mais uma volta e desta ninguém vai cair

Ainda te sinto a seguir
o rasto que deixo a correr
ainda penso em ti...
pensa em mim,
mas só mais uma vez.

Diz-me quanto tens de honesto, quanto tens de bom
Diz-me quantas provas queres, diz-me quanto sou
Já não sinto nada dentro, não sei perceber...
Queres só mais uma volta, desta ninguém vai dizer.

Ainda te sinto a seguir
o rasto que deixo a correr
ainda penso em ti...
pensa em mim,
mas só mais uma vez.

Thiago Bettencourt + Mantha

14 de outubro de 2010

It takes half the total time you went out with someone to get over them

Hoje não chorei. That's a start.


13 de outubro de 2010

Dias a preto e branco

Dei agora por mim a perguntar "porque é que as manhãs são tão difíceis?" e, a bem da verdade, estou a mentir. As manhãs são difíceis porque são tristes; as tardes são difíceis porque parecem infinitas; as noites são difíceis... e dolorosas.

Chega-se aquela idade que a minha amiga I. descreve como a absoluta ansiedade antes da serenidade dos 30. Não sei se os 30 são serenos; ainda não cheguei lá. Mas não me parece que mesmo que já tivesse com o 3 no lugar do 2, isto iria ser menos do que é. Até desconfio que, por muito serena que me venha a tornar, se isto de expectativas falhadas, sonhos adiados (ou perdidos), e lágrimas à beirinha dos olhos, não se transformaria igualmente em dias a preto e branco. Que é como quem diz que a tristeza e a mágoa não diferenciam os dias de sol e os dias de chuva. Que é como quem diz que a tristeza e a mágoa fazem com que me ressinta dos sorrisos alheios.
A M. junta-se à I. e jura a pés juntos que temos que continuar a apostar na felicidade, que esse é o lema de uma vida cheia de experiências, mesmo sabendo que nem sempre essas experiências podem ser as melhores. Verdade, tudo verdade, para quem os dias têm uma paleta infindável de cores.
Mas hoje, como ontem e anteontem, os dias seguem-se uns aos outros e não tenho vontade de continuar. Hoje, as lágrimas continuam à beirinha dos olhos, as saudades aumentam e a alma continua encolhida com a dor.
A entrega não faz sentido, se a ela se seguem dias assim.

12 de outubro de 2010

Sabes que vais ficar bem

no dia em que o telefone toca e o nome dele não dispara a néons na frente do teu cérebro.

E se isso nunca acontecer, podes sempre recorrer a uma lobotomia.