Entretanto há uns dias, e ainda a propósito do escândalo de Monsieur FMI (mas não só), li um texto de Ana Margarida Craveiro no Delito de Opinião que me fez pensar novamente na questão do feminino na sociedade actual. Do feminino não, da mulher. Eu digo outra vez: Mulher.
Ultimamente tenho-me deparado com situações que me fazem parar para pensar em que ano e em que século me encontro. Não que eu seja distraída a esse ponto, mas esta sociedade tem coisas para lá de sinistras, e a forma como a mulher ainda é vista, e frequentemente tratada, transporta-me para essa dúvida. Podia dizer que era coisa de homens, que são eles que ainda nos olham de determinada forma, e nos julgam de acordo com as suas próprias medidas, mas as mulheres são igualmente injustas para com as suas congéneres. Coisa que muito me espanta.
Espanta-me que uma juíza absolva um homem (um médico) de violação. Espanta-me que outra juíza olhe uma mulher nos olhos e lhe diga que, sendo casados, a violação não existiu; para essa senhora, casar é o contrato que permite a um homem ser abusador, e force a mulher à subserviência. E à humilhação. Em pleno século XXI (estamos, mesmo?), espanta-me que este tipo de situações passem em frente aos olhos de uma assistência mundial, que observa, passiva, a ignóbil monstruosidade generalizada. E a facilidade com que se olha para o lado, com que se esquece.
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