1 de maio de 2011

É o que acontece quando o Universo conspira a nosso favor

Mesmo quando parece o contrário.

Foi no primeiro jantar em casa da F., na passada terça-feira, que me apercebi disto. Andei com as coisas na cabeça até elas entrarem numa ordem muito própria; normalmente (e estranhamente) os fins-de-semana são acusadores dessa ordem.
A F. ia falando e ia contando os últimos acontecimentos com o homem por quem está apaixonada à três anos. Ela está apaixonada, ele é cobarde. No meio da cobardia dele, no entanto, algo mudou nos últimos tempos. E apesar de não ter conseguido partir o muro que ele ergueu à sua volta, a F. continua ali, na esperança que algo mude. Não mudou o que ela tanto queria que mudasse. Ainda não mudou, pelo menos. Mas uma fresta qualquer a F. conseguiu abrir. E dessa fresta resultaram palavras dele para ela que, estranhamente, fizeram todo o sentido para mim.
O Universo tem destas coisas; manda-nos mensagens pelos caminhos mais imprevistos.

Eu e a F. somos tão diferentes que a nossa amizade até é uma dádiva. E no entanto, será destas pequenas coisas que ela se alimenta. No facto de vermos uma ínfima parte do mundo com os mesmos olhos.
Estamos a caminhar para os trinta e as nossas histórias são tão diferentes que acabam do mesmo jeito. Continuamos a viver apaixonadas por aquilo que queremos. A nossa capacidade de amar um sonho e uma forma de estar na vida é imensa, e no entanto, apesar de continuarmos a lutar por isso, ainda não chegámos lá. Mas também não desistimos.

Por muito que me custe, caminhar pela vida desta forma parece-me ser a forma mais saudável de por cá andar. Continuo a amar a minha capacidade de amar. E não pretendo chegar ao ponto onde tenho visto tanta gente nos últimos tempos. Não pretendo fechar-me numa concha, não quero nem vou deixar o medo de sofrer contaminar a minha entrega. Não vou calcular todos os passos que der, nem vou racionalizar cada pensamento. Crescer e construir uma história significa acrescentar marcas no corpo e na alma, são testemunhos da minha vida e são memórias e lições que cá ficam. Mas não se irão tornar pedras com as quais construirei um muro à minha volta. Como disse Pessoa, "guardo todas, um dia vou construir um castelo". Só assim.
E a mensagem do J. para a F. chegou na altura certa para mim. Pode ser egoísta apropriar-me de palavras alheias desta forma, mas elas foram tão importantes que não consigo pensar de outra forma que não esta. Não existe nada melhor no mundo que estar apaixonada por uma coisa. Por um objectivo. Por um sonho. Por um querer. É essa paixão que me move. E mesmo que, por ela, hajam dias tristes, não faz mal. É muito melhor sentirmo-nos tristes, do que estarmos tão mortos por dentro que nem a tristeza lá tem lugar.

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