Passei literalmente a semana a correr. A responder a anúncios, ir a entrevistas, a corrigir o portfolio, jogging, resolver problemas pendentes (e finais) na faculdade. A ajudar a minha mãe, dar uma mão ao meu avô, acompanhar o meu irmão...
Passei a semana inteira num corropio tal que chegava às onze da noite completamente estoirada e nada me fazia mais feliz do que a minha almofada.
E hoje parei. Hoje não tinha absolutamente nada para fazer, por isso parei. Dormi até tarde, vi um filme, relaxei. E ainda o dia não vai a meio.
Parar actualmente significa sentir um vazio e uma tristeza tão grandes, que a minha realidade bate-me de frente na cara e quase me dobro em duas com o impacto.
Continuo a ouvir repetidamente à minha volta, em todas as conversas e em todas as plataformas de comunicação, que o mundo vai mal, o país vai ainda pior. Que os valores do desemprego estão nos píncaros e que não há dinheiro para novos colaboradores. O pessimismo está de tal forma intricado que é uma massa palpável, dura e compacta. Não sei até que ponto não anda meio mundo a aproveitar-se do estado social e económico das coisas para justificar ausência de emprego remunerado. Não sei até quando isto se vai aguentar assim.
O que eu sei é que se não arranjo emprego depressa esta depressão que anda por aqui a rondar, à espera de uma fresta pequenina na minha armadura para se instalar, não chega mesmo de vez.
Não há nada pior que a ausência de uma vida, de uma rotina. Que saudades de me sentir viva, útil e produtiva. Que falta me faz o reconhecimento devido do meu valor e do meu esforço. A compensação real de tantos anos de investimento académico e curricular.
Como é que é possível que depois disto tudo, e ao fim de tantos anos, eu me veja no mesmo exacto sítio de à dois anos. E de à quatro. Parada no meio do nada, à espera de coisa nenhuma. Com a diferença que hoje, em vez de um diploma na mão... tenho dois.
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