Estava eu sentada no sofá a ver pela enésima vez o delicioso filme "You've got mail". Neste filme, mais velho que sei lá, a Meg Ryan apaixona-se pelo Tom Hanks quando ele até teve o desplante de a levar à falência. Depois de uma série de peripécias que estamos todos carecas de ver, existe aquele momento.
Aquele momento. Ele olha para ela, ela olha para ele. Nos olhos de ambos existe um entendimento profundo, aquele entendimento de quem sabe que não existe nem pessoa nem lugar mais perfeitos no mundo, do que aquela pessoa, naquele lugar.
Pus-me a pensar que nos filmes, depois d'aquele momento, nós sabemos que eles vão casar e ser felizes para sempre. Fiz um rewind à minha vida e percebi que já tive uma catrefada desses momentos: o primeiro beijo, o beijo depois de uma zanga, o abraço depois de meses em continentes diferentes, o reencontro pós-separação... Montes de momentos que se enquandram na perfeição como o-momento-felizes-para-sempre. Já tive mesmo muitos. Sou, por isso, uma miúda cheia de sorte.
A questão que se coloca então é: se eu ja tive uma boa dose de hipóteses do ser-feliz-para-sempre... o que é que aconteceu? Não me interpretem mal, eu sou feliz. Sou feliz aos bocadinhos, mas sou.
Mas nenhum dos meus momentos do felizes-para-sempre foi... para sempre. E já muitas linhas se escreveram sobre este assunto, eu sei. Não sou propriamente a primeira das solteiras que se debate nisto. Mas de facto, estes filmes que acabam assim na perfeição idílica começam deveras a irritar-me. Porque eu sei e todos sabemos que depois do momento, eles vão-se chatear porque ele se atrasou. Porque ela foi egoísta. Porque não concordam com o filme a alugar no sábado à noite. Todos os casais têm disto. Aquele casal pipoca do filme não é excepção.
Mas inevitavelmente, é naquele momento que fico presa. É àquela felicidade deles que me agarro. Não necessariamente aos berros e a puxar os cabelos enquanto me pergunto "porquê?! porquê?!". É porque não percebo a realidade simples de pessoas que, como eu, tiveram tantos momentos como aquele, e que no final não foram suficientes para que as duas pessoas que o viveram ficassem juntas. É coisa que até hoje, por muito que tente, não compreendo. Porque o-momento-felizes-para-sempre, quando acontece, tem uma força que move montanhas. Como é que tem essa força toda, para depois não ter força para resistir? Para durar?
1 comentário:
Se um dia descobrires a resposta, por favor ilumina-me :)
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