10 de fevereiro de 2011

hoje de manhã

     Nesta altura do ano já começa a ser possível tomar o pequeno-almoço na minha varandinha com vista para o parque. Pego nas torradas e no chá (hoje, romã) e sento-me lá fora ao sol, enquanto trinco o pão estaladiço cheio de doce de mirtilo.
     O sol está morno, bate-me na cara e nas pernas e é o suficiente para me por logo bem disposta. É de luxos como este que a minha vida se sustenta: a manhã quase primaveril, os pássaros a cantar e o barulho da cidade como pano de fundo. Aqui mesmo ao lado tenho avenidas cheias de movimento e de stress, mas nestes meus três metros quadrados reina uma paz absoluta.
     Absorvo estes momentos como o privilégio que eles são: o facto de ter podido fazer isto quase todos os dias destas semanas de bom tempo, raro em Fevereito. Saber que quando começar a trabalhar isto vai ficar relegado para o fim de semana, que sabe sempre a pouco.
     Mas agora, enquanto as semanas ainda são minhas, e enquanto as manhãs estão cheias de calma e de tempo, aproveito o silêncio da casa para estar comigo. E enquanto absorvo este sol que tanto me faz falta e observo o meu gato deitado a aproveitar o calor, percebo que enquanto eu souber dar valor aos momentos bons que a vida me proporciona, vou sempre estar de mão dada com a felicidade.
     A minha mãe ensinou-me que longe de ser um estado de espírito constante, a felicidade não é mais do que momentos que, ao longo da nossa vida, juntamos numa caixinha branca. Quantos mais momentos de felicidade, melhor. É como armazenar um stock para os dias frios e tristes; memórias quentes que nos fazem sorrir. Que nos dão força para continuar.

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