A verdade é que existe uma quantidade considerável de pessoas à minha volta que minam o meu o Natal. Que não suportam a época, não têm paciência para árvores, e que numa tarde de compras têm ataques de mau feitio tão grandes que é triste de ver. Triste olhar para eles e perceber que o único espírito que por ali anda é o espírito de porco.
São incapazes de ficar felizes porque apesar de tudo ainda se verifica, nesta época do ano e por parte de muito boa gente, um carinho especial, uma felicidade diferente, um estado de espírito renovado. Não conseguem passear pelo Chiado ou pela Guerra Junqueiro à procura do presente ideal para tal pessoa. Para eles, tudo é obrigação. A árvore (quando existe), os presentes, o jantar e o almoço. E às vezes contagiam-me ligeiramente.
É com grande esforço que me procuro elevar a eles. Rio-me do meu irmão, que me segue pelas lojas com um ar desnorteado do "oh-pá-o-que-é-que-eu-estou-aqui-a-fazer" e do meu pai que rabuja e diz que não precisa de presentes nem de nada. Ralho com a minha mãe que diz que o Natal é para as crianças e como já não há crianças lá por casa, a árvore fica na arrecadação. Abano a cabeça em descrença e avanço pelo Natal dentro, escolho cada presente com carinho - e o que me deixa mesmo chateada é mesmo não encontrar o que achava ideal.
E perco duas horas a fazer a minha árvore, apesar de nesta sala não lhe ter deixado grande espaço de ocupação, mas que mesmo assim brilha ali no cantinho e dá uma luz e um charme mesmo cosy ao meu cantinho.
É Natal. Os que faltam fazem ainda mais falta. E o melhor ainda estará para vir. Mas é Natal.
E é tão bom.
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