E isso podia ser assustador. Teria sido, em tempos. Mas não é.
É absolutamente refrescante, não saber o que vai acontecer a seguir. Ter uma infinidade de possibilidades, voltar a sonhar.
Estes dois anos foram duros, foram um sacríficio extremamente difícil. Implicaram o abdicar de tanta coisa, que abdiquei de mim.
Perdi imenso, e senti muitas vezes que estava a ver o mundo de fora, como mera espectadora, como se não fizesse parte dos acontecimentos. Fiquei para trás, tive que me pôr de lado, vontades e coração ao alto. Era essencial para o objectivo a que me propus.
Não fui compreendida, fui criticada. Por vezes fui inclusivamente esquecida.
E não sei se o meu futuro vai ter tanto disto, como o investimento pressupunha. A conjuntura não é optimista, mas a verdade é que no fundo eu ainda sou.
E valeu tudo a pena. Tudo por aqueles quatro minutos que o dia de ontem me ofereceu. Em que eu era o centro daquela sala, não a observadora, a observada.
Cada momento que perdi, foi compensado ontem. Cada hora de solidão sentida, cada sacrifício.
E a partir de hoje, já ninguém me tira nada. Porque eu adquiri o direito de merecer tudo.