2 de novembro de 2010

Passeio comigo

Ontem passei o dia a passear. Aproveitei a ausência da chuva que assolou este cantinho à beira-mar plantado, aproveitei o meu estado de espírito, e lá fui eu. Sozinha, é certo, mas achei a minha companhia reconfortante, durante a maior parte do tempo pelo menos.
Comecei na praia, percorri a marginal, parei para me sentar e sentir o frio outonal que vinha do oceano. Parei, na verdade, para contemplar o brilho prata que ontem havia naquele mar.
Depois almocei e pus os pés ao caminho, Chiado acima, Chiado abaixo.
Gosto muito de observar, e tenho maior facilidade em fazê-lo quando estou sozinha. Adoro companhia, mas distrai-me deste vicío que eu tenho.
E ontem apetecia-me ter fotografado alguns momentos que testemunhei. Não o fiz por vergonha, por timidez; não consigo pôr-me a fotografar pessoas que estão em momentos como aqueles - tenho a certeza que estragaria a coisa com o meu inocente voyuerismo. Mas há qualquer coisa de tão perfeito nas pessoas que eu vi.
Um casal sentado na escadaria da Basílica, a olhar a rua e a conversar. Foi uma sensação de conforto, olhar para eles. Sentir que se encontraram nos gostos um do outro, no prazer de não fazerem nada juntos, depois de fazerem tanto. O pai que levava a filha pela mão e se ria de qualquer coisa de engraçado que ela tinha dito. E a mãe que os observava sem ser vista, com aquele sorriso de quem gosta do que vê.
Foram alguns minutos perdida neles, que fizeram valer o meu feriado e o meu passeio. Que lhe deram a nota de esperança de que um dia eu vou estar assim, sentada contigo, a fazer o mesmo. Ainda que não saiba quem tu és.

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