29 de novembro de 2010

Eu sei a que é que este post vai soar. Vai parecer um redondo esta-miúda-não-tem-mesmo-mais-nada-para-fazer-da-vida. Enganam-se, até tenho. E muito. Assim de repente surge-me a defesa da tese esta semana (SIM esta semana, que é interrompida pelo feriado na quarta). Mas mesmo estando ligeiramente - como dizê-lo? - aflita - vá - com isso de ir prestar-me a uma divina prova de humilhação pública, mesmo assim, não resisto a isto.

Então não é que já sabemos imensas coisas sobre a filha do casal mais piroso de Portugal? Então não é que a Luciana e o Djaló (é assim que se escreve?) decidiram alimentar as nossas almas curiosas com 3 (não uma! três!) fabulosas pistas sobre o rebento que lá vem?! Confere.
- Ora pois que é uma menina (só espero que saia mais à mãe, pelo bem dela, que já vai ter que superar tanto trauma neste mundo)
- O segundo nome começa com V (excluam-se os de bom tom, aposto em Vanessa)
- O primeiro nome... é um mix do nome dos pais. Um-mix-do-nome-dos-pais!

Ora bem, isto é qualquer coisa que roça o absurdo. Caramba os desgraçados amam-se tanto a si próprios e tanto um ao outro que não conseguem poupar a criança desta miséria? Luciana + Djaló é igual a quê??! Alguém me explica? Nossa Senhora do Carmo, do Socorro, da Aparecida, não há santa que salve esta criança?
Eu penso... Luciló? Djalu? Djaliana? Dou voltas à cabeça e só me saltam coisas neste género...
Ó por favor...
Senhores do registo! Não deixem... Proibam... Qualquer coisa!
Devia existir uma entidade que regule nomes que isto é um descalabro.

27 de novembro de 2010

cosy

Fui jantar a casa da M.
Estava extremamente bem disposta quando lá cheguei; esta história de saber que estou prestes a fechar o Mestrado está a trabalhar a favor de três coisas. Uma, estou completamente enérgica, mesmo high em adrenalina. Duas, estou super ansiosa e cheia de nervoso miudinho, o que me põe assim meio aos pulinhos pelo dia fora. Três, estou super feliz.
Por isso, foi neste estado de espírito que me pus ao caminho da casa da M. e do N., nesta sexta-feira fria e cheia de trânsito. E foi nesse estado espiríto que lá cheguei.
A I. e o T. já lá estavam, por isso, depois de tratar da baby, sentámo-nos os cinco a jantar. E estava-se mesmo bem.
Esta coisa de estar com casais tem a vantagem de que nos sentimos sempre assim no meio de um ninho quente e confortável. Entre pessoas que amamos, sem pressões, boas conversas. A desvantagem é que os casais costumam estar em sintonias semelhantes, o que resulta em dares por ti entre o olhar para as paredes e o desfolhar uma revista, enquanto eles arrulham como os pombos, dois a dois. São momentos breves, mas existem. E está tudo bem.
Até porque nestes momentos paralelos, dá para dispersar. E eu adoro dispersar. Sou mesmo boa nisso.
Entre o ter uma ligeira pontada de dor por não estar com alguém ao meu lado (com quem arrulhar), ou as saudades de estar num jantarinho destes, mas estar a dois, dei por mim a lançar um olhar diferente aquelas paredes que nos rodeiam.

Eu adoro a casa da M. É, de todas as casas que frequento, aquela que mais me recebe, a que mais me conforta.
Em casa da M. cheira sempre bem. Há sempre qualquer coisa a ser cozinhada, parece que cheira sempre a bolos. E é cheia de sons e presenças. E é quente. Não há um pingo de desconforto ali. É a casa mais lar que eu conheço, mais maternal. Como se fossemos parte da família. Ou da mobília.
E porque tenho andado num corropio a fechar os últimos detalhes do Mestrado e não tenho ido lá tanto como desejaria (apetece-me ir lá enfiar-me todos os dias), hoje, ao olhar à minha volta, percebi as saudades que tinha. E o bem que me faz aquela casa.

25 de novembro de 2010

agora é que é!

Pronto.
Está marcado a encarnado no calendário o dia em que eu fecho o capítulo onde estou. O dia em que, inevitavelmente, entro também no capítulo seguinte. Está ali, com um círculo bem desenhado, a olhar para mim todos os dias.
Tic-tac cada hora que passa me aproximo mais.
Estou num espectacular estado de nervos. Sou uma bomba-relógio; sinto que estou prestes a desfazer-me em confetis. Estou tão no limite de mim mesma, que consigo identificar cada estímulo nervoso no meu corpo.
Estou cheia de medo do que vem e do que está para vir. Parece a mesma coisa mas não é.

Ah! Ok.

22 de novembro de 2010

Está explicado

Estou solteira porque, a bem da verdade, assusto qualquer um.
Estava eu hoje num chat divino com um tipo que é uma gracinha e ele sai-se com esta:
"Grande nerd que tu me saiste."
Fiquei sem palavras.



21 de novembro de 2010

agora é que é?


in: 100imagens@facebook.com

19 de novembro de 2010

rainy days

Nestes dias os meus sapatos deprimem. Não que não existam por cá pares perfeitos para as chuvas de Novembro; as minhas galochas ficam felicissimas por sairem por aí a chapinhar.
Mas há aqui sapatos que precisam de sair, de verem e serem vistos. Que estão mortinhos por dar o ar de sua graça, que só tem graça numa sexta à noite. E agora parece que os fins de semana estão fadados pela água.

15 de novembro de 2010

Devagarinho, peça a peça

Estava sentada no chão da minha sala a tentar salvar um vaso e um cinzeiro que presenteei a mim mesma numa viagem a Marrocos, e que o meu gato fez o favor de partir.
A fúria da quebra daqueles dois objectos-lembrança já me tinha passado. Sentava-me agora, muito paciente, com o tubo de cola (cientistas ao tecto) e aplicava-me para juntar os cacos, transformá-los na sua forma original. Olhando para o meu cinzeiro e para o vaso pensei que a vida também é isto: volta e meia parte-se em cacos que nos esforçamos para colar da melhor forma possível. Nem sempre fica perfeito. Ao estatelarem-se no chão, soltam-se dos pedacinhos outros micro-pedacinhos que já não conseguimos juntar a este puzzle, e ele fica assim meio imperfeito e incompleto. Tal como nós.
À medida que colava as peças umas nas outras, a cola a ser absorvida pela argila, a escorrer-me para os dedos, comecei a perceber que a coisa não estava a correr muito bem. Os bocados não acertavam, os cacos eram demasiado finos e desfaziam-se. E as peças iam ficar defeituosas, as marcas iam ficar ali a lembrar-me daquela queda. Ponderei se ainda teriam a graça antiga, se não valia mais deitá-los fora e substituí-los por outros.
Mas a verdade é que quanto mais pensava nisso, mais os meus bibelots me lembravam de mim, mais me identificava com eles. Tal como eu, eles tinham as marcas da queda. E sim, nunca mais seriam os mesmos. Mas a essência deles estava lá. A viagem a Marrocos. As lembranças. O quanto eu gostava deles, de os ver ali.
Tal como eles, também eu sofri quedas. Algumas brutais. Mas fui-me colando, devagarinho, peça a peça. E ficaram os vestígios desses momentos. E a cada dia, vão-se juntanto cada vez mais. Nós somos o que vivemos, e não queremos ser deitados fora só porque já temos algumas marcas. Sim, algumas podem ser menos bonitas. Mas são nossas. São o que nos distingue, fazem de cada um de nós um bocadinho mais especiais. E a bem da verdade, acaba por ser o que amamos uns nos outros.
Não deitei fora o meu vaso e o meu cinzeiro. Ficam comigo. Agora além de me lembrarem aquela viagem, lembrar-me-ão também que por muito difícil que seja, é sempre possível juntar os pedacinhos que restaram. E continuar.

14 de novembro de 2010

I'm not home, but my shoes are. Leave them a message.

Esta era a mensagem de voice mail da lovely Carrie Bradshaw.
À primeira vista soa fútil, mas na verdade a Carrie passa a mensagem... Só quem está nos nossos sapatos é que sabe.

Este blog teve que levar uma volta. Mudou de nome, mudou de look. A essência é a mesma, porque a essência sou eu.

12 de novembro de 2010

A mais importante descoberta de todas

Andei tanto tempo a tentar ser perfeita
que me esqueci de ser... eu.

9 de novembro de 2010

(des)equilíbrio

Há fases na vida em que existe uma linha invisível riscada no chão, a giz. No exacto sítio onde nos encontramos. Essa linha é uma marca, uma fronteira, o limite entre o cá e o lá.
E nessa fase, estamos com uma perna em cada lado. Já não estamos exactamente no lado de cá, que foi a vida que conhecemos até hoje e que sabemos, está prestes a terminar. Uma etapa concluída. Mas também ainda não a ultrapassámos completamente, ainda não entrámos exactamente na outra etapa, ainda não demos o passo para o outro lado.
Estamos no limite entre o visível e o invísivel. No limbo. No espaço pequeno e confuso do meio. Entre os dois.
É uma fase complicada. É difícil, é exasperante. É essencial.

6 de novembro de 2010

Há dias assim


Tenho a certeza que sou eu que ando mais atenta ao que existe à minha volta.
Só pode ser; não começaram, do nada, a existir coisas interessantes a cada passo que dou, a cada olhar meu. Facto é que agora, noventa por cento das vezes que tiro o telefone da carteira é para fotografar, e não para comunicar.
Deixo aqui algumas imagens do mundo que vi hoje. Comunico partilhando, digamos assim.




... com a cabeça nas nuvens.



... verdades que têm de ser ditas.




... podia ser pior.

Encontrei esta exposição genial no Chiado, na Rua Garret. Mais precisamente na entrada para as galerias e estacionamento, ali mesmo ao lado da Gardénia. Tentei com muito esforço fixar o nome do artista que criou esta instalação e do responsável por estes textos, mix de culinária e da vida. Quem me conhece, conhece a minha fraca memória, e não levará a mal. Não me lembro mesmo.

Depois de um grande esforço visual (esta instalação tendia para um nível bastante alto) e de uma ligeira dor de pescoço, segui caminho para me encontrar com uma montra, que grita o seguinte:

Do you have time for life?

A minha resposta é sim e adoro isso. Adoro ter tempo para a vida, ter tempo para viver. É isso, alias, que dou por mim a fazer a maior parte do tempo, enquanto olho e vejo quantos por mim passam tão ocupados com tanta coisa que se esquecem dessa parte. Ter tempo para viver é a melhor coisa do mundo, é a descoberta perfeita. E é extremamente fácil ser feliz assim.

2 de novembro de 2010

Passeio comigo

Ontem passei o dia a passear. Aproveitei a ausência da chuva que assolou este cantinho à beira-mar plantado, aproveitei o meu estado de espírito, e lá fui eu. Sozinha, é certo, mas achei a minha companhia reconfortante, durante a maior parte do tempo pelo menos.
Comecei na praia, percorri a marginal, parei para me sentar e sentir o frio outonal que vinha do oceano. Parei, na verdade, para contemplar o brilho prata que ontem havia naquele mar.
Depois almocei e pus os pés ao caminho, Chiado acima, Chiado abaixo.
Gosto muito de observar, e tenho maior facilidade em fazê-lo quando estou sozinha. Adoro companhia, mas distrai-me deste vicío que eu tenho.
E ontem apetecia-me ter fotografado alguns momentos que testemunhei. Não o fiz por vergonha, por timidez; não consigo pôr-me a fotografar pessoas que estão em momentos como aqueles - tenho a certeza que estragaria a coisa com o meu inocente voyuerismo. Mas há qualquer coisa de tão perfeito nas pessoas que eu vi.
Um casal sentado na escadaria da Basílica, a olhar a rua e a conversar. Foi uma sensação de conforto, olhar para eles. Sentir que se encontraram nos gostos um do outro, no prazer de não fazerem nada juntos, depois de fazerem tanto. O pai que levava a filha pela mão e se ria de qualquer coisa de engraçado que ela tinha dito. E a mãe que os observava sem ser vista, com aquele sorriso de quem gosta do que vê.
Foram alguns minutos perdida neles, que fizeram valer o meu feriado e o meu passeio. Que lhe deram a nota de esperança de que um dia eu vou estar assim, sentada contigo, a fazer o mesmo. Ainda que não saiba quem tu és.