31 de outubro de 2009


SESC Pompéia
Lina Bo Bardi

29 de outubro de 2009

Presente

Passamos pela vida em permanente estado e em consecutiva repetição de uma frase que me deixa sem sentido…

“Faço isto pelo meu futuro."

Esta e outras variantes têm sido o meu discurso, não digo nos meus últimos 26 anos, porque nascemos com a bênção da ignorância, mas vá… nos últimos 15. E olho à minha volta e vejo o mesmo; as minhas pessoas e as pessoas alheias em conformação permanente de que vivem o presente a preparar o futuro.

O que é, então, feito do meu presente? E não é irónico que a própria palavra PRESENTE, que significa dádiva, seja completamente o oposto daquilo que sentimos com o nosso?

Páginas tantas andamos mesmo pela vida a não usufruir desta dádiva que é o Presente de todos os dias, a pensar num futuro que não conhecemos? A planeá-lo sabendo a priori que nunca vai ser como sonhamos? Como gostaríamos?
Qual é a lógica então, de sair de casa todas as manhãs, e não parar e sorrir ao nascer do sol…? Não olhar com olhos de ver para a dádiva que isso é, e, em vez disso, fazer dela uma banalidade?
Porque é que chegamos a casa e estamos tão cansados para dar valor ao presente que o presente nos dá? Aos amigos de sempre (um presente do passado), aos que fazemos de novo (um presente do presente), à nossa família (um presente de sempre)…
Porque é que temos que passar pela vida a olhar tanto para a frente com medo de o perder, com medo de não chegar a fazer, com medo de não ter como fazer, e acabamos na verdade por passar uns pelos outros e pelo presente, com uma pressa infinita, uma insatisfação constante, uma leveza e uma indiferença, como se este dia fosse só mais um e houvessem tantos?
E como é que chegámos a um ponto em que já ninguém sabe como parar para sentir?

Hoje li uma frase que me tocou e me levou a este texto. Foi escrita por Michel de Montaigne e dizia que abandonar a vida por um sonho é estimá-la exactamente por quanto ela vale.

Que é feito, então, dos nossos sonhos?


I do not speak the minds of others except to speak my own mind better.
de Montaigne

make it funnier :)

a man will never be as good as a whole cadbury - part I

a man will never be as good as a whole cadbury - part II

a man will never be as good as a whole cadbury - part III

22 de outubro de 2009

O Que Falta ao Tempo

Vais pela vida procurando adquirir experiência, tentando não tropeçar em nenhuma pedra que te magoe; convencido de que a sabedoria da idade adulta te protegerá dos erros. E, de, súbito, aparece, do nada, um sonho. E tu, que já não acreditas nele, agarras-te desesperadamente à sua cauda tentando que no seu voo te eleve e assim sentires por escassos segundos que estavas enganado, que pode ser verdade. Que podes sobrevoar a plana realidade; que esse sonho te salvou dessa perfeita e estúpida morte em vida que foste criando ano após ano. Não, a ingenuidade não era só um mal de juventude. Era a pior doença da velhice.

Ángela Becerra